O som do dia...

Bubbles - James (2008)

O som do dia em imagens...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Dormindo no fogo.....

Junte-se um grupo de músicos de intervenção com um realizador polémico e defensor dos direitos dos americanos, e temos o videoclip do tema "Sleep Now in The Fire" dos Rage Against the Machine, realizado por Michael Moore.....

Pelo videoclip desfilam concursos de TV e a Bolsa de Valores, e muito dinheiro a chover em cima daqueles não tão necessitados... Filmado à porta do próprio edifício da Bolsa, as portas deste foram fechadas com receio do ajuntamento de pessoas que se reuniram para ver as filmagens... Apesar da banda e do realizador terem uma licença para filmar ali, Moore foi ameaçado com detenção... O realizador diria apenas que a ideia era "filmar na barriga do monstro"...

Nomeado o vídeo para Melhor Tema Rock nos prémios MTV, os RATM viriam a perder para os Limp Bizkit, fazendo com que o baixista Tim Commerford invadisse o palco e trepasse uma parte do cenário em sinal de protesto...
A História da música também se tem encarregado de nos dizer o quanto a MTV falhou nesse dia....................

Sleep Now in the Fire.....

Sleep Now in the Fire - Rage Against the Machine (Battle of L.A., 1999)

The world is my expense
The cost of my desire
Jesus blessed me with its future
And I protect it with fire
So raise your fists
And march around
Don't dare take what you need
I'll jail and bury those committed
And smother the rest in greed
Crawl with me into tomorrow
Or I'll drag you to your grave
I'm deep inside your children
They'll betray you in my name

Sleep now in the fire

The lie is my expense
The scope of my desire
The Party blessed me with its future
And I protect it with fire
I am the Nina The Pinta The Santa Maria
The noose and the rapist
And the fields overseer
The agents of orange
The priests of Hiroshima
The cost of my desire

Sleep now in the fire

For it's the end of history
It's caged and frozen still
There is no other pill to take
So swallow the one
That made you ill
The Nina The Pinta The Santa Maria
The noose and the rapist
The fields overseer
The agents of orange
The priests of Hiroshima
The cost of my desire

Sleep now in the fire

História de Get Up, Stand Up.....

Música de protesto contra o seguidismo dos fieis Cristãos e música de homenagem à religião Rastafari da qual Bob Marley e Peter Tosh eram seguidores...

Com esta música, Bob Marley e os The Wailers homenageiam o impulsionador da religião Rastafari, o autoproclamado Imperador Haile Selassie I da Etiópia - identificado como Deus na sua forma humana e que seria responsável por levar os negros oprimidos para o seu lar, algures em África -e incitam à sua veneração, como se fosse ele o salvador do seu povo... Marley e Tosh exigem os direitos que lhes estão reservados desde o seu nascimento, num mundo que deve ser partilhado por todos de igual forma...
Com o tempo, a música foi adoptada como hino de incitação à revolução, como chamada de despertar para a mudança... Os U2, durante o concerto de Boston na sua Elevation Tour, intoduziram o refrão da música no meio de outro hino, "Sunday Bloody Sunday", em sinal de homenagem àqueles que morreram pela causa da Irlanda do Norte.....

Tosh, Marley e os The Wailers criaram uma música imortal, um hino ao inconformismo e um tema que nos incita a lutar pelos nossos ideiais..................................

Get Up, Stand Up.....

Get Up, Stand Up - Bob Marley & Peter Tosh (Burnin', 1973)

Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: don't give up the fight!

Preacherman, don't tell me,
Heaven is under the earth.
I know you don't know
What life is really worth.
It's not all that glitters is gold;
'Alf the story has never been told:
So now you see the light, eh!
Stand up for your rights. Come on!

Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: don't give up the fight!
Get up, stand up: stand up for your rights!
Get up, stand up: don't give up the fight!

Most people think,
Great God will come from the skies,
Take away everything
And make everybody feel high.
But if you know what life is worth,
You will look for yours on earth:
And now you see the light,
You stand up for your rights. Jah!

Get up, stand up! (Jah, Jah!)
Stand up for your rights! (Oh-hoo!)
Get up, stand up! (Get up, stand up!)
Don't give up the fight! (Life is your right!)
Get up, stand up! (So we can't give up the fight!)
Stand up for your rights! (Lord, Lord!)
Get up, stand up! (Keep on struggling on!)
Don't give up the fight! (Yeah!)

We sick an' tired of-a your ism-skism game -
Dyin' 'n' goin' to heaven in-a Jesus' name, Lord.
We know when we understand:
Almighty God is a living man.
You can fool some people sometimes,
But you can't fool all the people all the time.
So now we see the light (What you gonna do?),
We gonna stand up for our rights! (Yeah, yeah, yeah!)

So you better:Get up, stand up! (In the morning! Git it up!)
Stand up for your rights! (Stand up for our rights!)
Get up, stand up!
Don't give up the fight! (Don't give it up, don't give it up!)
Get up, stand up! (Get up, stand up!)
Stand up for your rights! (Get up, stand up!)
Get up, stand up! ( ... )
Don't give up the fight! (Get up, stand up!)
Get up, stand up! ( ... )
Stand up for your rights!
Get up, stand up!
Don't give up the fight!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

História de Rockin' in the Free World.....

Crítica política e social às políticas de Reagan e Bush 'pai', Neil Young lançou o tema "Rockin' in the Free World" no seu album Freedom, de 1989...
O tema tornar-se-ia, alguns meses depois de sair para o mercado, um dos hinos adoptados para a nova sociedade livre da Cortina de Ferro, uma sociedade baseada num "Free World"... O tema foi também utilizado como força moral no pós-11 de Setembro e como canção de protesto ao governo de George W. Bush, sobretudo no que concerne à sua política pró-Guerra do Iraque...

Neil Young, como músico de intervenção, denuncia a situação precária dos seus concidadãos americanos, acusando, entre outras coisas, o excesso do consumismo "We got department stores and toilet paper / Got styrofoam boxes for the ozone layer" ou as mortes e a pobreza evitáveis "Now she puts the kid away,and she's gone to get a hit / She hates her life,and what she's done to it / There's one more kid that will never go to school / Never get to fall in love, never get to be cool"....

A revista Rolling Stone posiciona a música no nº 214, entre as 500 Melhores de Sempre, sendo que já foi gravada por bandas da categoria de Pearl Jam e Bon Jovi...
Neil Young nunca baixou os braços, e sempre utilizou a liberdade de expressão do seu país para combater as políticas que considera injustas... E é por isso que continua a "rockar" como poucos neste mundo livre............................

Rockin' in the Free World.....

Rockin'in the Free World - Neil Young (1989)

There's colors on the street
Red, white and blue
People shufflin' their feet
People sleepin' in their shoes
But there's a warnin' signon the road ahead
There's a lot of people sayin'we'd be better off dead
Don't feel like Satan,but I am to them
So I try to forget it,any way I can.

Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world.

I see a woman in the night
With a baby in her hand
Under an old street light
Near a garbage can
Now she puts the kid away,and she's gone to get a hit
She hates her life,and what she's done to it
There's one more kidthat will never go to school
Never get to fall in love,never get to be cool.

Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world.

We got a thousand points of light
For the homeless man
We got a kinder, gentler,
Machine gun hand
We got department storesand toilet paper
Got styrofoam boxesfor the ozone layer
Got a man of the people,says keep hope alive
Got fuel to burn,got roads to drive.

Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world
Keep on rockin' in the free world,
Keep on rockin' in the free world.

A história do FMI.....

Um dos mais poderosos temas jamais escritos (em Portugal ou em qualquer parte do mundo), José Mário Branco escreveu e interpretou "FMI" num espectáculo ao vivo em 1982... Em 1996, o tema foi reeditado em CD para o albúm duplo Ser Solidário...

O tema resume - de forma exemplar, diga-se - os sonhos, as desilusões e as convicções pessoais do seu autor acerca das consequências do movimento revolucionário em Portugal... O próprio José Mário Branco viria a proibir a divulgação do tema em qualquer orgão de comunicação social, apesar de o tema, bem como a interpretação deste, se terem tornado lendários...

Um daqueles temas "temos-que-conhecer-antes-de-morrer", José Mário Branco depositou nele todo a sua energia, inconformismo e poder de denúncia, fazendo-nos arrepiar e ouvir em silêncio, sem interrupções, aquelas que são, provavelmente as melhores palavras de protesto jamais escritas..........................

Fundo Monetário Europeu.....

FMI - José Mário Branco (1982)

FMI
Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o Mortimore do Meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer:
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí dentro, analisar, e então
Do meu 'attaché-case' sai a solução

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico pra si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer:
Não ando aqui a brincar! Não há tempo a perder!
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico hara-kiri
FMI Panegírico, pró lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si, palavras para dó
A contas com o nada há que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais:celulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Um encontrão imediato do 3º grau

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

(E, mais à frente......)

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório - foi isso que te ensinaram, não é verdade? «Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande» - tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém - não é isto verdade? Quer-se dizer: há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular, hã? Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos ou anti-comunistas ou anti-fascistas: estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas é sempre o mexilhão...

.......

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe. No fundo deste mar encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco: tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra. O meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui, convosco, e ser-vos alimento e companhia, na viagem para estar aqui de vez.Sou português, pequeno-burguês de origem. Filho de professores primários. Artista de variedades. Compositor popular. Aprendiz de feiticeiro. Faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto: muito mais vivo que morto. Contai com isto de mim para cantar, e para o resto.

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terça-feira, 3 de junho de 2008

História de We Shall Overcome.....

Em 1901, o Reverendo da Igreja Metodista Episcopal Africana Charles Tindley, criou a letra de I Shall Overcome para ser um hino gospel a utilizar na sua congregação de fiéis... Mas diz-se que a origem da música remonta a muitos anos antes, sendo parte integrante dos cânticos dos mineiros africanos e dos coros das Igrejas dos americanos negros, no séc. XIX...

Pode atribuir-se ao músico e activista Pete Seeger o reconhecimento alargado da música, uma vez que foi dos primeiros a gravá-la na sua forma mais conhecida... Joan Baez interpretou o tema nos anos 60, incluindo em manifestações pelos Direitos Civis, e no Festival de Woodstock de 1969... A Associação pelos Direitos Civis da Irlanda do Norte usou o tema em algumas manifestações, bem como os agricultores Americanos durante as greves da década de 60... Foi utilizada na Africa do Sul em manifestações anti-Apartheid e na India, nos anos 80, tornou-se numa canção espiritual e patriótica, cantada, inclusivamente, nas Escolas...

Em homenagem a todos aqueles que se bateram em causas sociais ao longo dos tempos e em todo o mundo, Bruce Springsteen gravou o tema para o seu We Shall Overcome: The Seeger Sessions, em 2006... A justa homenagem.........................

We Shall Overcome... Someday.....

Música criada em inícios do séc. XX
Bruce Springsteen interpretou-a no seu We Shall Overcome: The Seeger Sessions (2006)

Hey we shall overcome, we shall overcome
We shall overcome someday
Darlin' here in my heart, yeah I do believe
We shall overcome someday

Well we'll walk hand in hand, we'll walk hand in hand
We'll walk hand in hand someday
Darlin' here in my heart, yeah I do believe
We'll walk hand in hand someday

Well we shall live in peace, we shall live in peace
We shall live in peace someday
Darlin' here in my heart, yeah I do believe
We shall live in peace someday

Well we are not afraid, we are not afraid
We shall overcome someday
Yeah here in my heart, I do believe
We shall overcome someday

Hey we shall overcome, we shall overcome
We shall overcome someday
Darlin' here in my heart, I do believe
We shall overcome someday

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Zeca, Grandola e o 25 de Abril.....

Imagem de A. do Carmo Reis da BD A revolução da Liberdade, in Edições ASA, 1989...

Parte da história portuguesa.....

Corria o ano de 1974, e uma época de mudança estava prestes a rebentar em Portugal... O Movimento das Forças Armadas escolheu uma música de Zeca Afonso para ser a senha de arranque para a Revolução dos Cravos...

Editada inicialmente em 1971 no albúm Cantigas de Maio, a música rapidamente foi banida pelo regime ditatorial como tema associado ao Comunismo... A Rádio Renascença passou a música na madrugada de 25 de Abril, como segunda senha de arranque dos militares do Movimento das Forças Armadas (a primeira foi "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, às 22h55 do dia 24)...

Diz-se que cerca de um mês antes do dia da Revolução, Zeca Afonso actuava no Coliseu dos Recreios perante 7.000 pessoas, e perante os olhos da censura... A música esteve quase a não ser cantada, mas quando o foi, toda a plateia se lhe juntou, unindo o povo português num verdadeiro hino nacional...
Pouco tempo depois, o Hino regressou, tornando-se na mais imortal canção do dia 25 de Abril de 1974................................

domingo, 1 de junho de 2008

Grândola, vila morena

"Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade"

Zeca Afonso
"Cantigas do Maio", 1971